terça-feira, 30 de abril de 2013

DO PALANQUE PARA O POVO: "FALA QUE EU NÃO TE ESCUTO"



Tem me chamado a atenção a constância com que tenho ouvido a palavra hermenêutica.

Desde então, eu não consigo parar de pensar no cuidado que as autoridades, os sacerdotes, os jornalistas, enfim, todos aqueles que exercem alguma influência na formação da cultura e da mentalidade de um povo devem ter com o uso das palavras.

Sabem os bons leitores, especialmente os interessados em história, sobre os conflitos ocorridos entre aqueles que queriam contribuir para que as pessoas menos esclarecidas tivessem acesso à informação e os grandes pensadores que pretendiam conservar a exclusividade e o protagonismo, relegando a massa a uma condição imposta de eterna inferioridade.

Até os dias de hoje não se percebe grandes sinais de mudança, incluindo a política do pão e circo, que os tiranos adotam desde os tempos remotos, enquanto o povo, tratado como massa de manobra, bovinamente aplaude. 

Mais triste ainda é perceber que tem uma elite que se diverte com a ridicularização do povo humilde, alegando que seu comportamento avacalhado reflete a “cara do povo”.

Nesse caso, a hermenêutica é uma arma de destruição da honra, visto que esse tipo de interlocutor usa o deboche para conquistar simpatias.  Essa desconstrução da imagem de uma sociedade, é o que acontece no Brasil, nada tem de positivo.

Por isso, é fundamental discernir o que é hermenêutica ou vulgaridade, o que informa e promove a construção de ideias ou aquilo que deforma e desorienta.

Todo cuidado é pouco quando alguém se auto-proclama o interlocutor entre os mais cultos e as massas, se o seu discurso não contribui para a evolução de seus ouvintes, principalmente quando gera intriga e divisão ou, pior ainda, a discórdia e até a violência entre grupos distintos.

Assim, assistimos multidões caminhando sem rumo, vítimas de uma série de desajustes e do mau exemplo, como também verificamos a decadência da sociedade que permite a deterioração dos hábitos e do comportamento, deliberadamente causada por lideranças sem escrúpulos. 

Se as pessoas não evoluem, o país também não desenvolve, e esse, provavelmente, é o propósito dos que se julgam donos da consciência alheia e buscam desfazer para refazer do seu jeito. 

As páginas da vida de um povo tornam-se, então, um vazio histórico, que precisam ser preenchidas com a vivência de cada um, não como querem os pretensos condutores do destino da humanidade.

QUAL A DIREÇÃO QUE CONTEMPLA A POPULAÇÃO BRASILEIRA?


Em pleno século vinte e um, quando supunham os estudiosos que a humanidade estaria mais evoluída e teria consciência de quais valores ou prioridades seriam fundamentais para o bem estar das pessoas, surgem lideranças que provocam um retrocesso nesse processo que estava em andamento no final do século passado.
As conquistas e os programas de governo que ofereciam oportunidades de crescimento econômico e pessoal, que promoviam o ser humano à condição de cidadão atuante e autor de sua história, comprometido e responsável, têm sofrido alguns desvios que prejudicaram seus reais objetivos.
Dois fatos agravaram essa situação, a morte das protagonistas dos mais importantes programas sociais da história da humanidade, Ruth Cardoso e Zilda Arns.
Que Deus ilumine seus herdeiros!
Substituiu-se a mão estendida, aquela que orienta e indica caminhos, pela mão grande, que devora o nosso bolso, corrói o patrimônio público, corrompe os fracos de caráter e os desamparados, enfim, promove um estrago de efeitos praticamente irreversíveis.
Nunca antes na história deste país pregou-se tanto sobre dinheiro, sobre riquezas materiais, incentivando o que há de pior na natureza humana, como a ganância, o egoísmo e a cobiça, resultado de uma política de “bondades” que corresponde à velha máxima: “pagando bem que mal tem”.
O “deus mercado” tornou-se o ídolo do povo brasileiro, fato que justifica uma suposta popularidade de um governo que vem facilitando o "acesso ao crédito”, mesmo que resulte num povo enforcado em dívidas, e o “incentivo ao consumo irresponsável”, que leva a população a considerar os bens materiais mais importantes que a ética e a vida humana.
Tanto é que os escândalos de corrupção, como também as mortes provocadas por falta de políticas de saúde, de segurança, de manutenção de estradas, entre outros fatores neglicenciados nesses anos de governo, não abalam a opinião pública, que tem sua atenção voltada exclusivamente para os gelados números da economia.
Batemos todos no fundo do poço da vergonha e o dinheiro se tornou o valor absoluto dirigindo a sociedade.

Temos, pois, um povo que escolheu servir ao vil metal em detrimento de outras necessidades e dos valores que realmente dão sentido à vida.